LINA BO BARDI: DESIGNER

Resumo

Lina Bo Bardi, importante arquiteta precursora do design no Brasil, defendia a tese de que a cultura popular era um exemplo de possibilidades e soluções criativas que a população, sob privações e carências de todo tipo, lança mão para sobreviver, e constitui as bases culturais, as raízes, para um verdadeiro desenvolvimento da indústria de bens duráveis. Neste sentido via no processo de fusão destes dois mundos do saber a condição, o pré-requisito, para um design moderno, nacional, autóctone, original e moldado na medida do homem brasileiro. Pretende- se com este artigo analisar esta hipótese e os posicionamentos de Lina Bo Bardi acerca do design e colaborar no debate que ora se trava entre os produtores de móveis organizados na ABIMOVEL - Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário, que coordena desde 1995 o Programa Brasileiro de Design (PBD). Este artigo, portanto, é o resultado de uma pesquisa bibliográfica, com análise, sobretudo, dos textos da Lina Bo Bardi sobre design e do acervo do Instituto Lina Bo e Pietro M. Bardi. Os resultados podem ser sintetizados na expressão "um olhar antropológico" que Antonio Risério em seu livro Avant-garde na Bahia usou para caracterizar o que chamou de "uma das grandes contribuições de Lina ao fazer arquitetônico", com esta expressão ele resume e caracteriza sua trajetória. Aquele olhar que procura a diferença aproxima-se o máximo possível para compreendê-la, em seu próprio sistema cultural. Lina Bo Bardi olha os artefatos populares, na busca da suas formas estruturais.