ANTROPOFAGIA E CANIBALISMO NA BIENAL DE SÃO PAULO
Palavras-chave:
Antropofagia, Canibalismo, Dadaísmo, Surrealismo, CuradoriaResumo
Este artigo tem como foco e problemática central o tema da XXIV Bienal de São Paulo: a Antropofagia. Edição organizada em 1998, ano que o Manifesto Antropófago completava 70 anos. Esta escolha justifica-se, por um lado, pela importância, permanência e atualidade da Antropofagia na história da cultura no Brasil e por outro, por estarmos diante de uma inovação no processo curatorial da Fundação Bienal de São Paulo, que pela primeira vez organiza uma exposição, a partir de questões específicas da cultura brasileira integrada numa discussão com a arte ocidental. Assim este estudo centra-se no debate sobre a antropofagia como estratégia de formulação de uma arte caracterizada pela brasilidade e o seu diálogo com as vanguardas artísticas internacionais nas primeiras décadas do século XX. Explicita e sistematiza, a partir da análise de textos do catálogo do Núcleo histórico, os conceitos de Antropofagia e Canibalismo explorados nas exposições do Dadaísmo e Surrealismo; e verifica possíveis diálogos entre estes conceitos e o Manifesto Antropófago e finaliza com uma reflexão onde se delimita as questões e relações pensadas entre Antropofagia, Dadaísmo e Surrealismo. A base teórica para a análise do discurso e conceitos dos curadores da XXIV Bienal é o dialogismo, ou o princípio dialógico, pensado e desenvolvido por Mikhail Bakhtin, em fins da década de 20, e ampliado e renomeado como "intertextualidade" por Júlia Kristeva 40 anos mais tarde.
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