ALÉM DAS TORRES: A NARRATIVA CINEMATOGRÁFICA PERSUASIVA AMERICANA E A SOMBRA DO ESTIGMA ISLAMOFÓBICO APÓS 2001
Palavras-chave:
Cinema, Islamofobia, Guerra ao terror, Terrorismo, Estados UnidosResumo
O cinema desempenha papel fundamental na formação das percepções sociais e políticas, funcionando não apenas como entretenimento, mas também como uma poderosa ferramenta para a construção e disseminação de valores, ideologias e narrativas que influenciam a compreensão pública sobre temas complexos. Essa capacidade torna o cinema um meio estratégico para moldar opiniões e legitimar ações estatais. Portanto, o presente estudo tem como objetivo analisar o filme A Hora Mais Escura para compreender de que formas os Estados Unidos utilizaram a comunicação midiática para transmitir e reforçar seus estigmas após os atentados de 11 de setembro de 2001. O filme articula uma narrativa estadunidense que justifica a ofensiva militar na Ásia Meridional como legítima defesa, difundindo estigmas que reforçam o patriotismo e naturalizam a violência. Apresenta uma dicotomia entre o “bem” ocidental e o “mal” estrangeiro, silenciando críticas à política externa dos EUA. Parte-se do pressuposto de que essa representação moldou o entendimento público sobre terrorismo e guerra, minimizando as consequências humanas e políticas da intervenção. Assim, A Hora Mais Escura exemplifica como o cinema pode consolidar consensos sociais e influenciar percepções globais ao mobilizar narrativas culturais alinhadas a interesses geopolíticos. Nesse sentido, o presente estudo busca destacar a importância de uma leitura crítica dessas narrativas para compreender a intersecção entre cultura, política e poder na contemporaneidade, revelando o duplo papel do cinema como entretenimento e instrumento ideológico na construção da memória coletiva e legitimação de políticas estatais.
Referências
AGUILAR, S. L. C.; MATHIAS, A. L. T. C. Identidades e diferenças: o caso da guerra civil na antiga Iugoslávia. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais, v. 4, n. 8, 2015. Disponível em: https://periodicos.furg.br/rbhcs/article/view/10494.
A HORA MAIS ESCURA. Direção: Kathryn Bigelow. Produção: Kathryn Bigelow. Intérpretes: Jessica Chastain, Jason Clarke. Roteiro: Mark Boal. Estados Unidos da América: Columbia Pictures, 2012. 1 DVD (157 min), son., color., 35 mm. Também disponível em streaming.
ATENTADOS de 11 de Setembro: a tragédia que mudou os rumos do século 21. BBC, 10 set. 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional- 55351015. Acesso em: 4 abr. 2024.
AWAN, Imran; ZEMPI, Irene. A Working Definition of Islamophobia: A Briefing Paper. Preparation for the report to the 46th Session of Human Rights Council, nov. 2020. Disponível em: https://www.ohchr.org/sites/default/files/Documents/Issues/Religion/Islamophobia- AntiMuslim/Civil%20Society%20or%20Individuals/ProfAwan-2.pdf. Acesso em: 10 abr. 2024.
AYANG, Lidiane Pereira. Cinema e Relações Internacionais: uma análise do filme “A hora mais escura” como ferramenta de soft power estadunidense para a guerra ao terror (2001-2011). Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Relações Internacionais) – Universidade Federal do Pampa, Santana do Livramento, 2018.
BAYRAKTAROGLU, Kerem. The Muslim Male Character Typology in American Cinema Post-9/11. Digest of Middle East Studies (DOMES), v. 23, n. 2, p. 345-359, 24 out. 2014. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/dome.12054/. Acesso em: 5 abr. 2024. BOONE, Jon. Zero Dark Thirty: the view from Pakistan. The Guardian, 27 jan. 2013. Disponível em: https://www.theguardian.com/world/2013/jan/27/zero-dark-thirty-view- from-pakistan. Acesso em: 1 abr. 2024.
CESARI, Jocelyne. Islam as Stigma. In: —. When Islam and Democracy Meet: Muslims in Europe and in the United States. Nova Iorque: Palgrave Macmillan, 2004. Disponível em: https://link.springer.com/chapter/10.1057/9781403978561_3. Acesso em: 9 abr. 2024.
CHILD, David. Tired of Muslim ‘terrorists’, charity tackles cinema stereotypes. Al Jazeera, 13 abr. 2021. Disponível em: https://www.aljazeera.com/news/2021/4/13/uk-charity-tackles-muslim-stereotypes- on-screen. Acesso em: 9 abr. 2024.
DAVIE, G. Cultivation Theory: How Violence Might Affect Us. Mass Communication Theory, 12 mar. 2010. Disponível em: https://masscommtheory.com/theory- overviews/cultivation-theory/. Acesso em: 13 abr. 2024.
GANDHI, Insiya. Reel to Real: Harmful Stereotypes of Arabs and Muslims in American Film and Television. Rhētorikós: Excellence in Student Writing. Fordham University, 2021. Disponível em: https://rhetorikos.blog.fordham.edu/?p=1738#. Acesso em: 9 abr. 2024.
HEIDBRINK, Lino; NOËL, Marion. Hollywood, une expression de la puissance des États-Unis. Classe Internationale, 7 nov. 2016. Disponível em: https://classe- internationale.com/2016/11/07/hollywood-une-expression-de-la-puissance-des-etats- unis/. Acesso em: 16 abr. 2024.
INTERNATIONAL Day to Combat Islamophobia. United Nations. Disponível em: https://www.un.org/en/observances/anti-islamophobia-day. Acesso em: 8 abr. 2024.
MEDIA Portrayals of Religion: Islam. MediaSmarts – Canada’s Centre for Digital Media Literacy. Disponível em: https://mediasmarts.ca/diversity- media/religion/media-portrayals-religion-islam. Acesso em: 15 abr. 2024.
MUELLER, John. Public Opinion on War and Terror: Manipulated or Manipulating? Cato Institute, Washington, 10 ago. 2021. Disponível em: https://www.cato.org/white-paper/public-opinion-war-terror. Acesso em: 13 abr. 2024.
OSMAN, Wazhmah. Building Spectatorial Solidarity against the ‘War on Terror’ Media-Military Gaze. International Journal of Middle East Studies, v. 54, n. 2, p. 369–375, 4 jul. 2022.
PERERA, Ayesh. Cultivation Theory In Media. SimplyPsychology, 7 set. 2023. Disponível em: https://www.simplypsychology.org/cultivation-theory.html. Acesso em: 9 abr. 2024.
SAID, Edward. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
SILVA, C. R. V.; ROSA, P. R. Atuação dos EUA pós 11 de setembro de 2001: legítima defesa ou agressão ilegítima? Revista da Faculdade de Direito da UFMG, Belo Horizonte, n. 67, p. 105-123, jul./dez. 2015.
SOUSA, R. R. Guerra ao terror, geopolítica, representações e paisagens no cinema estadunidense após 11 de setembro de 2001. Ensaios de Geografia, v. 2, n. 4, p. 50-66, 23 maio 2014. Disponível em: https://periodicos.uff.br/ensaios_posgeo/article/view/36256/20954. Acesso em: 11 abr. 2024.
STACKS, Don W. Media Effects. In: International Encyclopedia of the Social & Behavioral Sciences. Orlando: Elsevier, 2015. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/topics/social-sciences/cultivation-theory. Acesso em: 14 abr. 2024.
WELLAUSEN, Saly da Silva. Terrorismo e os atentados de 11 de setembro. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, São Paulo, v. 14, n. 2, p. 83-112, out. 2002. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ts/article/view/12384/14161. Acesso em: 12 abr. 2024.
ZERO Dark Thirty. Rotten Tomatoes, s.d. Disponível em: https://www.rottentomatoes.com/m/zero_dark_thirty. Acesso em: 12 abr. 2024.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Vitória Ignácio Guilherme, Maria Eduarda Mazza Monteiro

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Os trabalhos publicados na Revista Data Venia têm como modelo da licença de no padrão Creative Commons, com obrigação da atribuição do(s) autor(es), proibição de derivação de qualquer material publicado e comercialização. Ao concordar com os termos, o(s) autor(es) cedem os direitos autorais à Revista Data Venia, não podendo ter licenciamento alterado ou revertido de maneira diferente do Creative Commons (by-nc-nd). Informações adicionais em: creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0