QUE DIZER AGORA SOBRE ARTE AFRICANA? A ÁFRICA NAS EXPOSIÇÕES DA VIRADA DO SÉCULO XX PARA O XXI, NO BRASIL E NO EXTERIOR

Autores

  • Marta Heloísa Leuba Salum Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.62507/a21.v3i3.40

Palavras-chave:

Arte, Coleções etnológicas, Cultura material, Cultura visual, Museus

Resumo

Este artigo trata do destaque dado à África na curadoria de mostras de alcance mundial no período que vai da década de 1980 até 2010, ano que marca o cinquentenário da descolonização e nacionalização da maioria dos países africanos. Na maioria delas, porém, observa-se certo descomprometimento com o fato colonial na África, cuja representação mais emblemática é a arte africana dos grandes colecionadores e museus ocidentais, que são, quase sempre, os maiores patrocinadores dessas mostras, e principalmente, a interposição de uma orientação curatorial imbuída do interculturalismo enquanto premissa ideológica das diásporas da África de todos os tempos, desvinculada da história.

Biografia do Autor

Marta Heloísa Leuba Salum, Universidade de São Paulo

Doutora em Ciência Social (Antropologia Social) - Universidade de São Paulo, 1997

Professora da Universidade de São Paulo

Referências

AGUIAR, Maciel [texto, curadoria]. Arte tribal africana. Brasília: Câmara dos Deputados, 2012. (Câmara das Artes)

COELHO, Teixeira; ROBILOTTA, Manoel [texto, curadoria]. Do coração da África. Arte iorubá: coleção Robilotta

MASP. São Paulo: Comunique Editorial, 2014.

ABIODUN, Rowland; DREWAL, Henri; PEMBERTON II, John. 1994. The Yoruba Artist: New Theoretical Perspectives on African Arts. Washington; London: Smithsonian Institution, 1994.

AFRICAMUSEUMTERVUREN. Slotweekend museum / Week-end de fermeture du musée / Closing weekend of the Museum. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SzQ6ITzx8tY. Acessado: 21 jul. 2014.

ARAÚJO, Emanoel et alii. Para nunca esquecer: negras memórias, memórias de negros. Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 2002.

ARAÚJO, Emanoel. Negras memórias: o imaginário luso-afro-brasileiro e a herança da escravidão. Revista de Estudos Avançados, São Paulo, n. 50, p. 242-250, 2004.

ARAÚJO, Emanoel. Negro de corpo e alma. In: AGUILAR, Nelson (Org.). Mostra do Redescobrimento. Negro de corpo e alma. São Paulo: Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais, 2000. p. 42-55.

BERZOCK, Kathleen Bickford; CLARKE, Christa. Representing Africa in American art museums: a century of collecting and display. Seattle: University of Washington Press, c.2011.

BEVILACQUA, Juliana Ribeiro da Silva; SILVA, Renato Araújo da. África em artes. São Paulo: Museu Afro Brasil, [no prelo].

BOUTTIAUX, Anne-Marie (Ed). Afrique: musées et patrimoines pour quels publics? Tervuren: Musée Royal del’Afrique centrale. Paris: Karthala, c.2007.

BOUTTIAUX, Anne-Marie. Persona. Masques d’Afrique: identités cachées et révélées. Milano: 5 Continents; Tervuren: MRAC,

BURTON, J.D., 2013. Trésor du mois: “L’éléphant empaillé” [por J.D. Burton© KMMA-MRAC, nov. 2013]. Disponível em: http://www.africamuseum.be/home/treasures/elephant?set_language=fr&cl=fr. Acessado: 21 jul. 2014.

UNESCO. Function and Significance of African Negro Art in the Life of the People and for the People. Colloquium on Negro art. Vol. I. [Paris]: Society of African Culture; UNESCO, 1968.

UNESCO. Contributions au Colloque sur “La function et la signification de l’Art Nègre dans la vie du peuple et pour le people”. Vol. II. Paris: Présence Africaine, 1970.

CORNELIS [Bompuku Eyenga-Cornelis], Sabine. 2008. Le colonisateur satisfait ou le Congo représenté en Belgique (1897-1958). In: VELLUT, Jean-Luc et alii (Org.). La mémoire du Congo: le temps colonial. Gand: Editions

Snoeck, c.2005; Tervuren: Musée Royal de l’Afrique central, c.2005, p. 159-169.

CULTURELAB[a]: L’approche CL. Disponível em: http://www.culturelab.be/fr/company/. Acessado: 15 mar. 2010.

CULTURELAB[b]: READ-ME. Disponível em: http://www.culturelab.be/fr/achievements/51/. Acessado: 15 mar.

DE L’ESTOILE, Benoit. Le goût des autres: de l’exposition coloniale aux arts premiers. Paris: Flammarion, 2007.

EINSTEIN, Carl. Negerplastik [Escultura negra]. Florianópolis: Editora UFSC, 2011.

EINSTEIN, Carl. Negerplastik. Leipzig: Verlag der Weissen Bücher, 1915.

FALGAYRETTES-LEVEAU Christiane (Ed.). Brésil: l’héritage africain. Paris: Éditions Dapper, 2005.

FLEUVE CONGO. Fleuve Congo Congostroom Congo River – Africamuseum Tervuren. Disponível em: http://sanza.skynetblogs.be/archive/2010/08/06/exposition-fleuve-congo-africamuseum-de-tervuren.html. Acessado: 28 ago. 2010

FLEUVE CONGO. Visiting » temporaryexpo » past » Congo 2010. Acessível: http://www.africamuseum.be/visiting/temporaryexpo/past/congo2010. Acessado: 21 jul. 2014.

GELL, Alfred. A rede de Vogel, armadilhas como obras de arte e obras de arte como armadilhas. Arte e Ensaios.

Revista do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais, Rio de Janeiro: Escola de Belas Artes da UFRJ, a. 8, n. 8, p. 174-191, 2001. [Tradução do original publicado em Journal of Material Culture, v. 1, n. 1, p. 15-38, 1996]

GONSETH, Marc-Olivier; HAINARD, Jacques; KAEHR, Roland (Org.). Le musée cannibale. Neuchâtel: MEN; GHK,

HOCHSCHILD, Adam. O Fantasma do Rei Leopoldo: uma história de cobiça, terror e heroismo na África Colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

IFCH/UNICAMP. Programa de Pós-Graduação em História: linhas de pesquisa. Disponível: http://www.ifch.unicamp.br/pos/historia/index.php?menu=menulpesquisa&texto=lpesquisa. Acessado: 21 jul. 2014.

JUNGE, Peter. (Org.). Arte da África: obras-primas do Museu Etnológico de Berlim. Brasília; Rio de Janeiro; São Paulo: Centro Cultural Banco do Brasil, 2003.

KARP, Ivan; LAVINE, Steven D. (Ed.). Exhibiting cultures: the poetics and politics of museum display. Washington: Smithsonian Institution Press, c.1991.

KASFIR, Sidney. Arte africana e autenticidade: um texto com uma sombra. Disponível em: http://www.artafrica.info/html/artigotrimestre/artigo.php?id=14. Acessado: 15 mar. 2010. [Tradução do original publicado em

Oguibe, Olu (Ed.). Reading the Contemporary. African Art from Theory to the Marketplace. London: Institute of International Visual Arts; Cambridge, MA: MIT Press, 1999. p. 88-113]

MAQUET, Jacques Jérôme Pierre. The aesthetic experience: an anthropologist looks at the visual arts. New Haven: Yale University Press, c.1986.

MAQUET, Jacques Jérôme Pierre. Les civilisations noires: histoire, technique, arts, sociétés. Verviers: Marabout, 1966.

MARTIN, Jean-Hubert et alii (Org.). Magiciens de la terre. Paris: Éditions du Centre Pompidou, 1989.

MARTIN, Jean-Hubert. A religião, herética para a arte moderna. In: BIENAL INTERNACIONAL DE SÃO PAULO.

Núcleo histórico: antropofagia e histórias de canibalismos. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1998, p.523. (XXIV BIENAL de São Paulo, 1)

MOURÃO, Fernando Augusto de Albuquerque. Bibliografia selecionada e comentada de obras em língua francesa sobre arte africana. Dédalo, a. 4, n. 8, p. 59-65, 1968.

MUNANGA, Kabengele. A dimensão estética da arte negro-africana tradicional. In: AJZENBERG, Elza. (Org.). Arteconhecimento. São Paulo: MAC/USP, 2004, p. 29-44.

MUNANGA, Kabengele. Arte afro-brasileira: o que é afinal? In: AGUILAR, Nelson; Associação Brasil 500 Anos. (Org.). Mostra do Redescobrimento: Arte Afro-Brasileira. São Paulo: Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais, 2000, p. 98-111.

OGBECHIE, Sylvester Okwunodu. Making History: African Collectors and the Canon of African Art. Milan: Continents, 2012.

OLBRECHTS, Frans. 1946. Plastiek van Kongo. Antwerpen: Standaard-Boekhandel, 1946.

PHILLIPS, Tom (Ed.). Africa: the art of a continent. London; Munich: Prestel, 1995.

PRICE, Sally. Arte primitiva em centros civilizados. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2000.

PRICE, Sally. Primitive art in civilized places. New York: Whithney Communications, 1986.

QUAIBRANLY 2010. Disponível em: http://www.quaibranly.fr/. Acessado: 15 jul. 2010.

RELEASE N. 17. New exhibition opening september 27 at Museum of Modern Art examines “Primitivism” in th Century Art. Disponível em: https://www.moma.org/momaorg/shared//pdfs/docs/press_archives/6081/releases/MOMA_1984_0017_17.pdf?2010. Acessado: 21 jul. 2014.

RIBEIRO JR., Ademir. A arte como recurso pedagógico para o conhecimento e difusão da história das sociedades e culturas da África: a experiência de implantação da Sala Claudio Masella de Arte Africana. COLÓQUIO INTERNACIONAL: O ENSINO DA HISTÓRIA E CULTURA DA ÁFRICA E DA DIÁSPORA, Brasilia, 2009. [datilografado,15 p.]

ROBSON, Eleanor; TREADWELL, Luke; GOSDEN, Chris. Who owns objects?: the ethics and politics of collecting cultural artefacts. PROCEEDINGS OF THE FIRST ST. CROSS-ALL SOULS SEMINAR SERIES AND WORKSHOP. Oxford: Oxbow Books, 2006.

RTBF.BE/INFO. Une tonne et demi d’ivoire réduite en poudre devant le musée de Tervuren. Disponível em: http://www.rtbf.be/info/societe/detail_une-tonne-et-demi-d-ivoire-reduite-en-poudre-devant-le-musee-detervuren?id=8242594. Acessado: 21 jul. 2014.

RTBF.BE/VIDEO. Tervuren: destruction d’1,5 tonne d’ivoire. Disponível em http://www.rtbf.be/video/detail_tervuren-destruction-d-1-5-tonne-d-ivoire?id=1909864. Acessado: 21 jul. 2014.

RUBIN, William (Ed.). “Primitivism” in 20th century art: affinity of the tribal and the modern. New York: Museum of Modern Art, 1984.

TOGNON, Marcos; SUNEGA, Renata [curadoria]. Gênese e celebração: coleção de peças africanas do acervo de Rogério Cerqueira Leite. Campinas: Instituto Arte Cidadania, São Paulo: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2012.

SALUM, Marta Heloísa Leuba. Mãos de artista, obras anônimas: marcas de um Brasil africano ou de uma África brasileira em objetos de museu, 2014. [datilografado, 40 p.]

SALUM, Marta Heloísa Leuba. Imaginários negros, negritude e africanidade na arte brasileira. In: MUNANGA, Kabengele (Org.). História do negro no Brasil: o negro na sociedade brasileira: resistência, participação, contribuição. Brasília: Fundação Cultural Palmares, 2004. p. 337-380.

SALUM, Marta Heloísa Leuba. Cem anos de arte afro-brasileira. In: AGUILAR, Nelson; Associação Brasil 500 Anos. (Org.). Mostra do Redescobrimento: Arte Afro-Brasileira. São Paulo: Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais, 2000, p. 112-121.

SCHILDKROUT, Enid; KEIM, Curtis A. The Scramble for Art in Central Africa. Cambridge: University Press, 1998.

SERRANO, Carlos; MUNANGA, Kabengele. Descolonização da África belga. In: A revolta dos colonizados: o processo de descolonização e as independências da África e da Ásia. São Paulo: Atual, 1995. p. 35-43.

SILVA, Olabisi. Africa95: Cultural Celebration or Colonialism? Nka: Journal of Contemporary African Art, Durham, n. 4, p. 30-35, 1996.

SOUZA, Marcelo de Salete. A configuração da curadoria de arte afro-brasileira de Emanoel Araujo. Dissertação (Mestrado) – Escola de Comunicações de Artes da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

STEINER, Christopher. African art in transit. Cambridge: Cambridge University Press, 1999.

THOMPSON, Robert Faris. Flash of the Spirit: arte e filosofia africana e afro-americana. São Paulo: Museu Afro Brasil, 2011.

THOMPSON, Robert Faris. Face of the gods: art and altars of Africa and the African Americas. New York: Museum for African Art, Munich: Prestel, 1993.

VAN LEYDEN, Nancy. Africa95: A Critical Assessment of the Exhibition at the Royal Academy. Cahiers d’études africaines, v. 36, n. 141-142, p. 237-241, 1996.

VANSINA, Jan. Art history in Africa: an introduction to method. London: Longman, 1999. [1a. ed. 1984]

VOGEL, Susan (Ed.); VAN BEEK, Walter E. A., JEWSIEWICKI , Bogumil; Ebong, Ima; COSENTINO, Donald John; MCEVILLEY, Thomas; MUDIMBE, V. Y. Africa Explores: Twentieth Century African Art. New York: The Center for African Art; Munich: Prestel, 1994.

VOGEL, Susan Mullin. 1999. Know Artists but Anonymous Works: Fieldwork and Art History. African Arts, v. 32, Special Issue: AUTHORSHIP IN AFRICAN ART, parte 2, p. 40-55 e 93-94, 1999.

WASTIAU, Boris. ExitCongoMuseum: An essay on the “social life” of the masterpieces of the Tervuren museum. Tervuren: MRAC, 2000.

Downloads

Publicado

30-11-2014

Como Citar

Salum, M. H. L. (2014). QUE DIZER AGORA SOBRE ARTE AFRICANA? A ÁFRICA NAS EXPOSIÇÕES DA VIRADA DO SÉCULO XX PARA O XXI, NO BRASIL E NO EXTERIOR. Arte 21, 3(3), 10–26. https://doi.org/10.62507/a21.v3i3.40